Wanda Engel

Por WandaEngel -

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Wanda Engel é uma mulher que percorreu vários caminhos. Formou-se geógrafa, mas fez mestrado e doutorado na área de educação. Participou da elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi secretária de Assistência Social no governo Fernando Henrique Cardoso, cargo equivalente ao de ministro, foi chefe da Divisão de Desenvolvimento Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e secretária do Desenvolvimento Social no governo César Maia.

Lecionou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e, por dez anos, atuou como ‘ongueira’. Nascida no Méier, no Rio, Wanda sempre buscou implementar programas que “dão o peixe, mas condicionam a continuidade do benefício ao aprendizado da pescaria”. Para ela, as ações têm de promover a recuperação da cidadania e não de criar sócio-dependentes.

À frente do Instituto Unibanco desde 2006, Wanda é superintendente-executiva da instituição que há 25 anos desenvolve ações no país e hoje tem um foco muito claro: a educação. “A missão do instituto tem sido atuar, preferencialmente, junto a comunidades menos favorecidas no desenvolvimento e na implementação de projetos educacionais inovadores e multiplicáveis”, diz. A seguir, a síntese da entrevista:

Imprensa SJDS – Qual sua avaliação sobre ações como a Rede Parceria Social, iniciativa que reúne governo do Estado, organizações sociais e empresas na implementação de projetos em diferentes segmentos?
Wanda Engel –
 É preciso que a sociedade tome conhecimento que o desenvolvimento social é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico. Sem desenvolvimento humano não temos desenvolvimento social nem econômico. Promover o desenvolvimento social e econômico é promover o bem público. Isso é bom para todos. O bem público tem de ser assumido por todos e é preciso que haja um certo pacto de atores com possibilidades diferentes. Nesse processo, um pode entrar a máquina do governo e sua capilaridade, outro com recursos técnicos e financeiros, outro entra com aquilo que o governo não pode fazer. Por exemplo: você não vai ter um atendimento a crianças de rua com funcionários que tem horário para entrar e sair. Isso tem de ser feito por uma ONG que tenha comprometimento com a causa. Então, você tem prestadores de serviço diferenciados do Estado, você tem a capilaridade do Estado, você tem os recursos financeiros e técnicos da empresa e, isto tudo junto, com metas a serem definidas e um programa que integre tudo isto, você pode ter um impacto fantástico. Cada um com o seu papel. Você tem forças complementares que criam efeito sinérgico quando o produto é muito maior que a soma das partes. O produto é o jovem, o pobre, o excluído. E se conseguirmos diminuir essa distância social, você terá uma sociedade mais funcional e uma exposição de bens e serviços. Isto acaba refletindo na vida de todos. Dá o bonde do bem para os jovens que eles pegam.

Imprensa SJDS – Que parceria pode ser estabelecida entre o Instituto Unibanco e o governo gaúcho?
Wanda Engel –
 A secretaria com a qual estamos procurando parceria é a de Justiça e de Desenvolvimento Social. Partimos do pressuposto de que só uma sociedade justa oferece iguais oportunidades de crescimento e de desenvolvimento. Esse desenvolvimento passa necessariamente pela inserção no mundo do trabalho. Propomos desenvolver projetos específicos com a secretaria e também fazer do Rio Grande do Sul um caso de concretização da Lei do Aprendiz. A idéia básica é que este projeto seja uma das pernas, dos componentes de um grande guarda-chuva na área social e que visa tirar as famílias da situação de bolsistas do esquema assistencial para situação de famílias autônomas em que os adultos e jovens estão no mercado de trabalho, as crianças estão nas escolas e que todos têm os instrumentos básicos de saída da situação da pobreza.

Imprensa SJDS – Com 25 anos de atividade, o Instituto Unibanco tem uma atuação voltada para projetos educacionais e hoje os indicadores que temos no Brasil mostram que o caminho é este. Como a senhora vê essa questão?
Wanda – 
Apesar de o instituto ter 25 anos eu diria que um novo Instituto Unibanco surgiu em 2003. Até então, a atuação era um pouco difusa. Durante algum tempo se dedicava quase que exclusivamente à educação ambiental com o Unibanco Ecologia e, a partir de 2003, ela ganha uma nova formatação com um foco bem definido no jovem, na área educacional e uma educação lato sensu distribuída em três componentes principais: a educação escolar, a educação para o mundo do trabalho e a educação para o meio ambiente. Estas três vertentes são norteadoras do programa. Também vem saindo de financiamentos de propostas apresentadas por ONGs para um trabalho mais pró-ativo, com programas próprios do futuro. Então começa com o jovem de futuro, depois com os programas de tutoria entre jovens e com o programa Jovem Aprendiz, ligado à Lei do Aprendiz.

Imprensa SJDS – Interessante é que vocês trabalham com essa perspectiva do jovem do futuro.
Wanda –
 Estamos oferecendo oportunidades para que o jovem tenha um futuro. A grande conseqüência nefasta de uma situação de exclusão e pobreza é o jovens perder a perspectiva de futuro. Se não tenho futuro, tenho a vida cotidiana, do vale-tudo. A vida não tem valor. A idéia que queremos passar para o jovem é que ele tem perspectiva, um futuro a construir, a desenvolver.

Confira a entrevista no portal do Procon RS aqui.



Wanda Engel